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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

A MÚSICA ÁRABE - TEXTO DE PATRÍCIA BENCARDINI

Nota: este texto foi postado em 05 de maio de 2013, estou repostando hoje. 

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Mais um texto muito bacana, que consta do livro "Dança do ventre - ciência e arte", de Patrícia Bencardini, Editora Baraúna, São Paulo, 2009. O texto abaixo esta nas folhas 71 a 73. Peço a todos a gentileza de não usar o texto sem citar a fonte.  Grata!


A MÚSICA ÁRABE - por Patrícia Bencardini 

"A característica mais marcante da música árabe é a combinação da melodia com o ritmo, onde é possível encontrar uma requintada forma de improvisação. As melodias são construídas com base nos `maqamat` (modos ou módulos), que formam uma complexa identidade musical. Sua aplicação caracteriza-se pelo uso de determinada escala, com pequenas unidades melódicas e rítmicas, seguindo as fórmulas típicas dentro de limites previamente determinados. E, recorrendo ainda à fixação de notas predominantes.
O músico tem a possibilidade de improvisar dentro da estrutura métrica de cada maqam (cujo plural é maqamat), dependendo de sua intenção, que pode ser artística, emocional, devocional ou puramente filosófica. Iqaat é um padrão cíclico de tempos fortes e fracos que organizar o ritmo. Tem a característica de ser uma música sempre monofônica, ou seja, compreende uma unica linha melódica.
Tradicionalmente é transmitida de forma oral, muito embora existam noção e teoria, compostos de forma semelhante aos antigos padrões gregos. A música árabe está intimamente ligada à poesia, e as formas musicais alternam solos vocais com interlúdios instrumentais.
Taqsim é o improviso do solista acompanhado por vários instrumentos e pode ser realizado pela flauta, pelo alaúde, pelo acordeão. Sempre dentro de uma estrutura de tempo marcada pelos instrumentos de percussão, principalmente o pandeiro.
A estrutura melódica forma o Bashraf que é composto por quatro partes mais o refrão.
Os instrumentos de corda tem especial importância dentro da estrutura da música árabe, entre eles destacam-se: oud - alaúde; Qanum; o saltério (instrumento antigo, precursor do teclado); o santur ou cítara; rabab ou rabeca, modernamente substituído pelo violino.
Gracas à expansão cultural proporcionada pelo mundo islâmico, a música árabe teve seus princípios assimilados por povos mouros, persas e berberes. Poucos países onde se introduziu o islamismo não absorveram o estilo musical árabe, entre esses podemos citar a Índia e a Indonésia, que conservaram seus estilos narrativos primitivos.
Na região do Rajastão - Índia, onde boa parte da população assimilou a cultura muçulmana, a música tocada em praças públicas lembra vagamente o estilo árabe. Embora os instrumentos sejam diferentes, existe uma  semelhança quanto à métrica. A dança das mulheres é quase igual à das "gawazi", ciganas egípcias que dançam na rua em troca de dinheiro, que também usam técnicas de malabarismo para impressionar turistas e aumentar o faturamento.
A estrutura da música clássica do Oriente Médio se assemelha às peças eruditas ocidentais e óperas. Possui uma apresentação inicial, que é quase um cumprimento dos musicos ao público; na sequência inicia-se o pré-tema que é um introdução ao tema musical. O tema já apresenta o bashraf em sua estrutura e pode ter o acompanhamento da voz humana através do canto. Depois de apresentada essa estrutura vem o improviso dos instrumentos, ou taksim, onde cada músico vai solar de forma improvisada. Existe então, uma volta ao tema e após uma repetição vem a finalização."


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