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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

AMIRAH HADARA: "VENCER A SI MESMO, É A MAIOR DAS VITÓRIAS"

Bom, antes de entrar no tema propriamente dito, gostaria de contar um pouco da minha história. Me chamo Claudiane, sou professora de Geografia do Estado e sempre fui apaixonada por dança! Independente do estilo musical. Porém, a Dança do Ventre sempre me chamou muito a atenção, pelo fato de valorizar muito a autoestima feminina. No Norte do estado, onde morei até 2009, não dispunha dessa arte, então ao me mudar para São José dos Pinhais, comecei a pesquisar por locais que ofertassem essa modalidade de dança.

Foi aí que, em meio a algumas pesquisas, me deparei com o blog de uma professora chamada Aziza Mahaila, isso em setembro de 2011. Depois de muito pensar, ler o blog, assistir os vídeos, resolvi conhecer o estúdio, assistir uma aula e… me apaixonei!!! Em outubro de 2011, fiz minha primeira aula de Dança do Ventre!!! E adivinhem...Que sufoco!!! Pensei: 

“Aaah, isso não é pra mim, não.” 

Imaginem a cena: 

Uma moça com escoliose, introvertida, vergonha do seu corpo, ombros pra baixo para não mostrar os seios, pés pra dentro, insegura consigo… ou seja, tudo o que uma bailarina não é. Entra em cena então, a professora Aziza Mahaila, perfeccionista, me cobrava muito, mas muito mesmo, técnica, postura, assiduidade...e eu pensando:

"Não vou dar conta. Sou muito desastrada, insegura, só faço os movimentos errados, não sei diferenciar na música o que é direita, esquerda, diagonal. Vou desistir!” 

E a Aziza falando toda aula:

“Chamo sua atenção, pois sei que você pode melhorar. Te corrijo, pois quero que você se torne uma bailarina”. 

Eu via meninas que entravam depois de mim na dança e dançavam melhores que eu, e a professora Aziza continuava a corrigir, a me cobrar ( e isso acontece até hoje rsrsr).

Os anos foram passando, vieram ensaios e mais ensaios, apresentações, tive inúmeros motivos para desistir. Eu não confiava em mim mesma. Não acreditava na minha dança. Mas estava ali, firme, forte, ouvindo críticas (algumas construtivas, outras nem tanto), e fui entendendo que meu maior obstáculo na dança era eu mesma.

Passei a fazer aulas duas vezes na semana, o que ajudou muito a desenvolver meus movimentos, minha percepção musical, eu exigia cada vez mais de mim e a Aziza também. Estudava em casa, pedia ensaios extras no estúdio e comecei a acreditar que do meu jeito, respeitando o meu tempo, a minha evolução, eu poderia melhorar cada vez mais. A cada passo novo, a cada sequência realizada, os instrumentos que eu conseguia diferenciar na música, era uma vitória pra mim. E assim, fui construindo minha identidade na dança.

Eu só aceitei ter um nome árabe (Amirah Hadara), depois de quase seis anos na dança do ventre, a partir do momento que me vi e me senti como bailarina. Pois bem, em 2016, a Aziza veio com um mega desafio para mim e para outra amiga que dançava comigo: fazer estágio de um ano, dando aulas no estúdio, com a sua supervisão. No início fiquei meio receosa… 

“Será que eu consigo ensinar alguém a dançar? Bom, se ela quer que eu estagie, significa que não danço tão ruim assim.” 

Aceitei o desafio. E que desafio!!!

A partir desse estágio, além de ensinar, eu aprendi. Sim, aprendi e muito. Se antes desse estágio, eu aprendia única e exclusivamente para a minha evolução pessoal, agora eu teria que aprender a ensinar, ou como dizem os grandes educadores, aprender e apreender, isto é, não só assimilar o conhecimento, mas o mais importante, passá-lo a outra pessoa. Que responsa, heim, dona Claudiane!?

Passei pelo estágio e a Aziza me ofereceu uma turma. Meus queridos e minhas queridas, nunca estudei tanto na minha vida rsrs e continuo estudando!! De 2016 até os dias de hoje, o que mais tenho feito, é estudar a dança do ventre. Minha transformação foi tamanha, que ouso dizer que existiu uma mulher antes e existe outra depois da dança do ventre. Sou aluna da Aziza, pois continuo os meus estudos, e tenho minha turma de iniciantes. Uso o meu exemplo para essas alunas, dizendo que, se eu aprendi a dançar, qualquer mulher consegue.

Agradeço imensamente à professora Aziza Mahaila pelo aprendizado, os puxões de orelha (até hoje eu recebo hahaha), as correções, mas principalmente por acreditar em mim e não me deixar desistir. Nunca. Se eu tivesse desistido na minha primeira apresentação, que foi um caos (errei praticamente tudo), talvez eu não estaria aqui contando um pouco da minha história.

Me sinto realizada como mulher e como pessoa, pois na dança, aprendemos a admirar e a respeitar todos os corpos, todas as pessoas, sem distinção. A dança nos une, nos salva, nos torna irmãs, nos faz reencontrar a beleza que tantas vezes nos é suprimida. A Dança do Ventre é para todas!

Espero que o meu depoimento ajude vocês a entender que cada uma tem um tempo diferente. Cada aula é uma superação. Acreditem. Se dediquem a esta arte maravilhosa e nunca esqueçam a frase que está lá no estúdio: 

“Até uma jornada de mil milhas começa com o primeiro passo.”

Um beijo a todos e todas, nos vemos nas aulas.

Amirah Hadara - bailarina, professora e coreógrafa


Nota da Aziza: a Amirah Hadara, ou Clau, como eu costumo chamar, é meu grande orgulho. Sabe quando você vê o crescimento da bailarina, e conhece toda a história dela? Pois bem, é assim. E ela não dançava mal, não, era impressão dela. Só tem uma coisa que eu não concordo neste texto - eu sou bem boazinha e nem um pouco exigente - kkkkkk. 

Clau, parabéns pela sua trajetória na dança, que você realize todos os seus sonhos. Você é uma pessoa querida, uma bailarina super comprometida com os estudos, com a sua melhoria, e é uma ótima professora, as suas alunas adoram você. E muitíssimo obrigada pelo seu lindo depoimento, tenho certeza de que muitas pessoas irão se inspirar na sua trajetória. Gratidão!




domingo, 4 de outubro de 2020

MICHELLE KAYSER: "A IMPORTÂNCIA DO APOIO DO CÔNJUGE"

Nota da Aziza: este texto lindo e inspirador foi uma iniciativa e realização da minha aluna Michelle Kayser. Fiquei bastante emocionada com as palavras delas, e espero que vocês também fiquem. Qual dançarina nunca passou (ou viu alguma colega passar) por situações desagradáveis com o cônjuge, devido à falta de apoio? Eu, como professora de dança do ventre, já vi dezenas de casos chatos, como por exemplo o esposo que não queria que a minha aluna fizesse ensaios extras para um festival, e após a apresentação, virou para ela e falou assim: "Você não dançou bem.". E por aí vai. Acho muito pertinente o texto da Michelle, e minha palavra para ela é GRATIDÃO.

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Olá! Sempre passo sugestões de temas para os textos de minha professora, Aziza Mahaila.  Conforme enfrento meus próprios desafios, sempre imagino que muitas praticantes da dança do ventre passam por situações parecidas. Escrevo esse texto sobre os cônjuges em homenagem ao meu esposo, que me incentiva todos os dias e é o meu maior fã. Obrigada, meu amor!

Para começar, gostaria de esclarecer o que é, para mim, o apoio do cônjuge à bailarina. Não se trata apenas de não opor-se à prática da dança. É preciso que ele reconheça seus progressos, que ele cubra suas ausências nos afazeres domésticos, que não condene você pelos gastos financeiros, entre outras coisas.

Se você, bailarina/bailarino, estiver tendo de convencer seu companheiro/companheira todo o tempo da importância das aulas, ensaios e horas de estudo, possivelmente há outros aspectos de sua vida em que seu cônjuge pode estar desviando seus objetivos, apenas, na dança, isso fica mais evidente. Ou se, ao contrário, seu cônjuge estimula a sua melhora contínua, ele também pode ser a força motriz que você precisa pra atingir outros objetivos, que você, talvez, nunca ousou mencioná-los. Por isso acho válido analisar essa influência como "o todo" que é.

Existem muitos aspectos ligados ao sentimento de posse e ao machismo que podem embaçar a visão do seu cônjuge, deixando que apenas os preconceitos falem. Porque é isso que os preconceitos fazem. Impedem de que analisemos as coisas como elas realmente são. Também há uma ideia de que o desenvolvimento artístico é supérfluo, ignorando que a arte nos faz desenvolver melhor nosso cérebro e que, com isso, melhoramos nossos desempenhos em todas as áreas.

Eu entendo a dança como parte da minha vida e se algo não vai bem na minha vida, há um reflexo na dança. É preciso sempre tirar um tempo para reflexão e analisar qual é a raiz da crença do seu cônjuge de que a dança torna-se um problema. Muita reflexão!!!  Apenas a partir dessa reflexão, o diálogo entra em ação. Não é preciso citar que falar sem pensar pode ser desastroso. Um amigo meu muito querido, um senhor muito sábio, falou uma frase pra mim, quando eu era bem jovem e eu nunca esqueci:

“Palavras são jogadas ao vento, depois que você soltou-as, você não consegue pegá-las de volta para consertá-las.”

Como se trata dos nossos amores, uma situação de confronto nem sempre é bem-vinda. É preciso colocar o amor em primeiro lugar. A conclusão sobre quem está com a razão, nem sempre é produtiva. O objetivo não deve ser uma comprovação de sua sabedoria nos relacionamentos, mas sim uma negociação, onde cada um deve expor seus pontos para encontrar uma solução boa para ambos.

Seu cônjuge precisa ver que a dança é um investimento em você, e que a autoconfiança e satisfação que é possível encontrar no caminho da dança será benéfica na relação para ambos.

Espero que meus pensamentos colocados nesse texto possam ajudá-las a pensar no objetivo de melhorar suas relações com a dança e com seus amores. Até!