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terça-feira, 5 de novembro de 2019

INFLUÊNCIAS ÁRABES NO BRASIL - Texto de Patrícia Bencardini

Nota: o texto original foi postado em 23 de abril de 2013. Foi um dos textos mais acessados (2.219 visualizações!). Estou postando novamente, o assunto é muito interessante.

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Meninas, este texto também foi tirado do livro "Dança do ventre - ciência e arte", da Patrícia Bencardini. O livro foi editado em 2009 em São Paulo, pela Editora Barauna. Se alguém for usar algum trecho deste texto, não esquecer de mencionar a fonte. 




INFLUÊNCIAS ÁRABES NO BRASIL (páginas 83 a 85)


"Os primeiros árabes chegaram ao Brasil por volta de 1880, a maioria vinda da Síria e do Líbano. Esses primeiros imigrantes eram cristãos e se concentraram na região Sudeste, onde buscavam trabalho nas áreas próximas às lavouras de café, e na região Norte, onde havia a extração da borracha. Sendo hábeis comerciantes, trabalharam como mascates, e sempre davam preferência às áreas que estavam se desenvolvendo, onde era melhor para o comércio.


A partir dos anos 50, uma grande população muçulmana entrou no Brasil, vinda de diferentes regiões do Oriente Médio. E nas décadas de setenta e oitenta, final do século vinte, novos imigrantes libaneses vieram para o Brasil, fugindo da guerra civil, quando muitos encontraram parentes distantes que vieram no começo do século.
Só a cidade de São Paulo e a região do ABCD, juntas, concentram mais libaneses e descendentes do que toda a população do Líbano. Sem contar outras áreas do Brasil que concentram grandes colônias árabes como o estado do Ceará. Em Foz do Iguaçu, a colônia muçulmana é enorme.
A presença árabe no Brasil trouxe diversas influências, além da língua como foi citado anteriormente. O setor de alimentação dá provas disso: multiplicam-se as redes de fast-food de comida árabe, a esfiha, o kibe, espetinhos de carne estão incorporados ao cardápio brasileiro. Sem falar no café, arroz, laranja, aspargo e açafrão, entre outros, que o mundo ocidental só conheceu graças às conquistas muçulmanas em séculos passados.


Os árabes que passaram pelo Ceará deixaram muita influência no plano musical, os repentistas nordestinos que se desafiam mutuamente lembram os trovadores orientais e suas gasidas. A arquitetura também mostra a presença árabe em diversos pontos como a existência de arcos ogivais, janelas e biombos em treliça, mosaicos e até azulejos, sem falar nas formas geométricas que caracterizam a arte islâmica. Como a religião proíbe representar qualquer figura de seres vivos, os artistas árabes desenvolveram desenhos refinados a partir das figuras dos triângulos, quadrados e círculos; utilizam também as letras do alfabeto árabe de forma bem rebuscada compondo os arabescos que dão vida à arte e expressão de origem islâmica.


A comunidade árabe no Brasil atual é estimada em 10 milhões de pessoas, a maioria é formada pelos libaneses e pelos sírios. Em menor número aparecem egípcios, jordanianos, palestinos, iraquianos e até sauditas.
O Brasil tem a característica de acolher diferentes culturas e permitir a convivência pacífica entre todas. A cidade de São Paulo é bom exemplo disso.
A presença de uma colônia árabe tão grande nesta cidade acabou por influenciar toda uma população, tanto que a maioria das professoras ou bailarinas profissionais de dança do ventre não tem ascendência árabe. São, em geral, mulheres que convivem ou conviveram em algum período de sua vida com essa cultura e acabaram sendo influenciadas por ela."

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